domingo, 3 de fevereiro de 2013

34° - "Era uma vez na América"


"Era uma vez na América" tem nome de filme de faroeste, dizem por aí que é filme sobre a máfia, e por conta dessas impressões eu não tinha visto, apesar da insistência do Digo, pois faroeste e/ou máfia não estão no topo da minha preferência. Mas acontece que não é nada disso, e o filme, apesar de ter a máfia como fundo, fala mesmo sobre as complexidades do ser humano centradas na amizade e na traição. 
Os personagens são tão humanos e, por isso, tão complexos que eu torci por eles em algum momento, depois torci contra, depois voltei a torcer a favor, enfim, eles não são retos, tem seus desvios. E tudo bem que eu estou longe de ser um Noodle da vida (que é um cara companheiro, que honra seus amigos, que ama, mas também que estupra, que mata), mas eu também não posso atirar a minha pedra.
“Era uma vez” fala sobre a amizade de 5 rapazes que cresceram juntos, aprenderam a malandragem juntos, mas por um infortúnio um deles Aaronson (Robert de Niro) acaba preso. Depois de alguns anos, quando é solto, seu grande amigo Maximilian Bercouicz (James Woods) lhe apresenta como o grupo cresceu e se beneficiou da proibição das bebidas alcoólicas (lei seca) e outros crimes ligados à máfia judaica. Mas por imbróglios ocorridos a própria amizade deles é posta a prova e depois de 35 anos eles vão reviver um acontecimento único na vida de todos.
No filme a gente consegue ficar íntimo de todos os personagens, conhecer suas histórias e se emocionar com elas, e sabe por quê? Porque o filme tem 4 horas de duração. É isso mesmo, ninguém está lendo errado. Então você pensa que "O Poderoso Chefão" é famoso pela história e por ser uma trilogia, mas perae, "Era uma vez" tem quase a mesma duração num filme só. O filme tem intervalo, isso mesmo, lá pelas tantas sobe numa tela preta a palavra "intervalo", que penso, sei lá, que no cinema era a brecha para as pessoas darem uma volta, esticarem a perna, irem ao banheiro. É muita raça de filme, e por isso mesmo é o ideal para um fim de semana chuvoso.
Mas assim, o filme não é cansativo, ele é todo cuidadoso. Com a história, com as imagens, com os sons. Eu quase chorei em várias cenas, como a do Robert De Niro em close com uma música de fundo (tem até Beatles), aliás, o De Niro tem uma feição triste, no filme cai muito bem e é de cortar o coração.
E o filme, muito mais que a máfia, que os tiros, que a violência, trata sobre a memória, sobre as lembranças, sobre a saudade... Sobre a vida que nem sempre a gente tem controle, sobre pequenas atitudes que mudam um futuro. E tudo isso é mostrado com muita delicadeza.
“Era uma vez” tem cenas lindíssimas e emocionantes e um final de tirar o fôlego (apesar de um tanto previsível, se bem que talvez nem tão previsível quando foi lançado, em 1984). Um filme lindo de ver, realmente um clássico imperdível!
Era uma vez na América (Once Upon a Time in America, EUA, 1984) ****

2 comentários:

  1. Vou assistir de novo. Já tem muito tempo que eu vi, e já não me lembro de quase nada. Li seu post e fiquei com vontade de rever.

    Quer uma dica pra um dos 365 ? "A vida dos outros", um alemão de 2006, eu acho. Um dos meus favoritos. Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta.

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  2. Oi Lucas, obrigada pela visita e pelo comentário... "A vida dos outros" é incrível mesmo, um dos meus filmes preferidos... Dei uma cópia de presente pro Digo, mas até agora ele não viu...

    Obrigada pela dica, se tiver outras, vou adorar!

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