"Era uma vez na América" tem nome de filme de faroeste,
dizem por aí que é filme sobre a máfia, e por conta dessas impressões eu não
tinha visto, apesar da insistência do Digo, pois faroeste e/ou máfia não estão
no topo da minha preferência. Mas acontece que não é nada disso, e o filme,
apesar de ter a máfia como fundo, fala mesmo sobre as complexidades do ser
humano centradas na amizade e na traição.
Os personagens são tão humanos e, por isso, tão
complexos que eu torci por eles em algum momento, depois torci contra, depois
voltei a torcer a favor, enfim, eles não são retos, tem seus desvios. E tudo
bem que eu estou longe de ser um Noodle da vida (que é um cara companheiro, que
honra seus amigos, que ama, mas também que estupra, que mata), mas eu também
não posso atirar a minha pedra.
“Era uma vez” fala sobre a amizade de 5 rapazes que cresceram
juntos, aprenderam a malandragem juntos, mas por um infortúnio um deles
Aaronson (Robert de Niro) acaba preso. Depois de alguns anos, quando é solto,
seu grande amigo Maximilian Bercouicz (James Woods) lhe apresenta como o grupo
cresceu e se beneficiou da proibição das bebidas alcoólicas (lei seca) e outros
crimes ligados à máfia judaica. Mas por imbróglios ocorridos a própria amizade
deles é posta a prova e depois de 35 anos eles vão reviver um acontecimento
único na vida de todos.
No filme a gente consegue ficar íntimo de todos os personagens,
conhecer suas histórias e se emocionar com elas, e sabe por quê? Porque o filme
tem 4 horas de duração. É isso mesmo, ninguém está lendo errado. Então você
pensa que "O Poderoso Chefão" é famoso pela história e por ser uma
trilogia, mas perae, "Era uma vez" tem quase a mesma duração num
filme só. O filme tem intervalo, isso mesmo, lá pelas tantas sobe numa tela
preta a palavra "intervalo", que penso, sei lá, que no cinema era a
brecha para as pessoas darem uma volta, esticarem a perna, irem ao banheiro. É
muita raça de filme, e por isso mesmo é o ideal para um fim de semana chuvoso.
Mas assim, o filme não é cansativo, ele é todo
cuidadoso. Com a história, com as imagens, com os sons. Eu quase chorei em
várias cenas, como a do Robert De Niro em close com uma música de fundo (tem até
Beatles), aliás, o De Niro tem uma feição triste, no filme cai muito bem e
é de cortar o coração.
E o filme, muito mais que a máfia, que os tiros,
que a violência, trata sobre a memória, sobre as lembranças, sobre a saudade...
Sobre a vida que nem sempre a gente tem controle, sobre pequenas atitudes que
mudam um futuro. E tudo isso é mostrado com muita delicadeza.
“Era uma vez” tem cenas lindíssimas e emocionantes
e um final de tirar o fôlego (apesar de um tanto previsível, se bem que talvez
nem tão previsível quando foi lançado, em 1984). Um filme lindo de ver,
realmente um clássico imperdível!
Era uma vez na América (Once Upon a Time in America, EUA, 1984)
****
Vou assistir de novo. Já tem muito tempo que eu vi, e já não me lembro de quase nada. Li seu post e fiquei com vontade de rever.
ResponderExcluirQuer uma dica pra um dos 365 ? "A vida dos outros", um alemão de 2006, eu acho. Um dos meus favoritos. Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta.
Oi Lucas, obrigada pela visita e pelo comentário... "A vida dos outros" é incrível mesmo, um dos meus filmes preferidos... Dei uma cópia de presente pro Digo, mas até agora ele não viu...
ResponderExcluirObrigada pela dica, se tiver outras, vou adorar!