sábado, 2 de fevereiro de 2013

33° - "Bonequinha de Luxo"


Para fechar o pacotão "Truman Capote", "Bonequinha de Luxo". Nos dois filmes de Truman "Bonequinha" é muito citado, pois pelo que entendi, além do filme ser inspirado num conto de Capote, ele ainda esteve nas filmagens ou na montagem, auxiliando na produção do filme. E é um clássico, né?! Tudo bem que, para variar, eu já tinha visto e só percebi lá pelo meio do filme (o que me diz alguma coisa sobre o filme ser um clássico no cinema, mas não na minha vida). Ver o filme depois dessa grande sessão de Truman Capote deu também outro sentido.
"Bonequinha" tem um dos inícios mais bonitos de filme que eu já vi, é linda a cena de New York vazia, o táxi para e Holly Golightly (Andrey Hepburn) desce para tomar café em frente à Tiffany (em pé mesmo, enquanto olha as vitrines). E taí uma beleza, o nome em português é muito melhor do que o original, "Bonequinha de Luxo" é bem melhor que "Breakfast at Tiffany's", vamos combinar!
O filme é sobre os sonhos de Holly, que é uma garota de programa de luxo cujo sonho é casar-se com um milionário que lhe dê uma casa na qual se sinta tão bem como na Tiffany (hein?!). Para seu prédio muda-se Paul Varjac ou Fred (George Peppard) que é também teúdo e manteúdo de uma senhora rica, e escritor nas horas vagas. Aliás, que cena é aquela na qual Holly e Paulo (ou Fred) entram na Tiffany com 10 dólares, não conseguem comprar nada, e o vendedor na maior boa vontade do mundo resolve gravar o nome do casal num anel achado num pacote de biscoito, e em seguida eles vão a uma biblioteca pública, fazem barulho, escrevem no livro, a atendente reclama e Holly diz algo do tipo, por isso que a Tiffany é melhor que uma biblioteca (hein?!).
O sonho de Holly é tão presente e apresentado tão delicadamente que a gente quase se esquece o quão fútil é. Aliás, é impressão minha, ou existe uma semelhança grande entre Holly e a mãe de Capote, cujo sonho era morar em Manhattan, conseguiu um marido que lhe proporcionou isso, mas não conseguiu manter o padrão de vida com o tempo, então sua mãe bebeu até morrer (porque, ahh, pra quê viver se não for em Manhattan!).
A Audrey Hepburn eternizou a "Bonequinha de Luxo", sua personagem transcendeu o filme, não é a toa que é o pôster mais vendido, e ainda estampa camisetas, almofadas, quadros, etc. Não é difícil entender o por quê, ela é e está no filme simplesmente deslumbrante (apesar de magra demaaaais), além de linda, tem um figurino de arrebentar, mas permitam-me uma heresia, até hoje vi dois filmes de Hepburn, esse sobre o qual escrevo e "My fair lady" e gente, as personagens dela são muito chatas, mas ainda não estou totalmente convencida se era ela ou talvez um tipo de comportamento de época, sei lá.
"Bonequinha" se salva - pra mim - porque tem cenas muito bonitas, como a festa psicodélica na casa de Holly, muito bonita e entrosada, e também a cena de Holly tocando e cantando na janela de seu apartamento, lindíssimo (aqui).
Mas a história em si não entusiasma muito, e o fim, não gostei; além de ter a cena triste dela jogando o gatinho na chuva (chiuf! e eu vi nos extras o diretor dizendo que o 'gato fedia muito', chiuf outra vez) eu não curti muito o fato da Holly ficar com 'Fred' apenas no final, quando não lhe restava mais nenhuma opção, não sei, acho que eu optaria por um final mais romântico e desinteressado.
Ainda assim, apesar dos meus pesares, "Bonequinha" é um clássico que deve ser visto, além das cenas bonitas, dos figurinos fantásticos, ainda tem diálogos afiados, como o do final, na cena do carro. (“uma garota não pode ler uma coisa dessa sem batom”), e Holly, tem um otimismo encantador, na sinopse diz que é uma moça inocente, mas acho que não, creio que ela escolhe fingir que não entende para fingir viver parte de seu sonho.
Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany’s, EUA, 1961) ***

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