Bem, hoje este bloguinho
faz um mês, quem diria! Um mês com publicações diárias e acho que seria
interessante tecer algumas considerações:
1)
o número de visitas (de comentários nem se fala) do blog é proporcional à minha
divulgação; eu falei sobre o blog com pouquíssimas pessoas, só com aquelas que
eu sei que gostam de cinema e que gostam de mim (risos). Isso porque o objetivo
de eu ter criado este blog está muito longe de ganhar popularidade. Escrever
aqui é um projeto pessoal, e que até agora tem me deixado muito feliz. Eu me
imagino daqui a vários anos lendo o que escrevi, o que pensava, ou então, se
tiver um filho quem sabe, que ele me leia, não é uma ideia bacana? Enfim,
sonhos de uma pisciana;
2) Eu descobri, jogando no google o nome do blog, que este meu projeto está bem longe de ser original, várias pessoas, vários blogueiros já se propuseram a fazer sua lista dos 365 filmes, um por dia, humpf, mas pelo que vi, apenas um concluiu com êxito sua jornada, muitos ficaram pelo meio do caminho. No início eu colocava no google '365 filmes em 2013' e ele nem aparecia, agora está na terceira página!;
3)
Escrever diariamente, claro, está mais difícil do que eu imaginava. Isto porque
tem dia que eu não estou com vontade, estou cansada, trabalhei muito ou estudei
muito e ainda tenho que vir aqui, pesquisar sobre o filme, escrever, revisar,
inserir fotos e etc, o que me toma, pelo menos, uma hora por dia (que antes era
dedicada à minha malhação e terei que pensar como resolver isso em breve);
4)
Minha proposta é escrever sobre filmes que eu gosto e que eu indicaria, e eu
tenho uma lista enorme de filmes para citar aqui, só que, eu fui percebendo no
decorrer dos dias, que para escrever eu teria que rever os filmes, contar
somente com minha memória (que já não é lá grande coisas) não seria suficiente,
e isso tem tomado ainda mais tempo. Eu procuro ver os filmes no fim de semana,
mas também vejo durante a semana, é tranquilo, é só cortar as novelas e
seriados que dá;
5)
Escrever era penoso no início, mas tem se tornado mais fácil. Isso porque, como
tudo na vida, a gente vai pegando jeito com a prática. Se no início eu demorava
bastante para pensar sobre o que escrever, agora, sem esforço, enquanto eu vejo
um filme as frases e o que escrever já estão na minha cabeça. Eu sempre falei
isso para meus alunos, escrever é hábito, quanto mais se lê e se escreve mais
fácil fica (não necessariamente melhor, mas é a tendência);
Já
que estou comemorando hoje eu deveria falar aqui de algum filme que figure na
minha lista de prediletos (tipo top 20 ou algo do tipo), mas acontece que estou
engajada no projeto "Truman Capote" e não faz sentido interrompê-lo
agora. O filme que vou falar hoje, se não fosse o projeto, é bem provável que
não estaria neste blog porque o filme, em si, não é bom. Eu fico pensando
no tamanho da influência do Capote, que pegou uma história (terrível, mas que
provavelmente ficaria reclusa aos jornais e reportagens policiais) e a
transformou em um dos maiores casos de assassinato dos EUA. A história da
história – Capote escrevendo sobre a história dos assassinatos dos Cuttlers em
seu livro “A sangue frio” – rendeu dois filmes, e pelo que pesquisei seu livro
rendeu mais dois filmes com o mesmo nome do livro. O primeiro filme data de
1967 (apenas dois anos depois do livro), mas não o encontrei nas locadoras de
Juiz de Fora, apenas no youtube sem legenda, eu vi umas partes e parece bem
melhor do que o filme que falarei aqui. O segundo “A sangue frio” é de 1996, e
como diz o Digo, a gente nunca deve confiar num filme que tem o Eric Roberts
como chamariz.
Vejo só “convite
irrecusável para os fãs de um policial de qualidade, este filme traz atores e
diretor consagrados. [...] As cenas não poupam o espectador de muita ação e
tensão. Pedida certa para quem acha que já viu tudo no gênero. Este irá
surpreendê-lo”. Isto é a informação que está na contra-capa do filme (junto com
uma foto de Eric Roberts com dor de barriga, não resisti), meio pretensioso,
não?! Ontem eu falei sobre “O Sol é para todos” e como o filme é longo, certo?
Esqueça isso, colega, “A sangue” tem 3 horas de duração, dá pra dividir em 3
partes (eu vi em pedaços, não deu pra ver direto).
Mas o que mais me chamou
atenção, e foi por isso que eu vi partes do primeiro “A sangue” (não tive tempo
de vê-lo todo), é como Capote resolveu contar o primeiro “romance de não-ficção”;
é claro que o mais satisfatório aqui seria ler o livro (ele está na lista), mas
este blog é sobre filmes. Como os livros são baseados na obra de Truman Capote
e isto fica claro no início de ambos os filmes, eu acho que posso tirar algumas
conclusões.
A primeira delas é que o
Perry Smith de Capote é um homem perturbado, fica claro que o enfoque está
nele. Ele oscila tendo momentos de tranqüilidade, sendo um homem cortês,
educado e amável, com outros de pura loucura, no qual lembra momentos de seu
passado e se torna muito violento, enfim, não é uma personalidade fácil de
decifrar e nem de julgar, ao contrário de Dick que é um babaca e pronto. E
apesar de cuidar da família Clutter para que eles fiquem confortavelmente
amarrados (?!) e não permite que Dick violente a meninas, é Perry que mata toda
a família (inclusive corta a garganta do pai), se bem que a gente não sabe se
isso é verdade ou se Perry assume a culpa para consolar a mãe de Dick...
Passar a primeira das 3
horas do filme entendendo como a família Clutter vivia é uma boa saída (apesar
de muito longa), porque a gente realmente entende o estrago de um crime tão sem
sentido. Os Cuttler eram amados na pequena sociedade que viviam (e Capote deixa
claro, em Confidencial, que seu objetivo é escrever sobre como um crime bárbaro
afeta a confiança da pequena população), o pai seria indicado a metodista do
ano, a menina era referência para outras meninas, mas tinham uma mãe perturbada
(será que ela já pressentia os acontecimentos traumáticos?! ). E acho que tudo
isso funciona no filme, pois quando os bandidos entram na casa a procura de um
cofre que não existe e por isso matam toda a família, a gente sente o absurdo
deste crime.
Outra coisa que achei
muito interessante é que, como Capote não está no filme, e vendo os outros
dois, fica claro que o detetive Dewey é o próprio Capote, é ele que se compadece
de Perry e o visita até o fim. É para ele que Perry fala, na hora do
enforcamento, o final que Capote gostaria, pede perdão pelo que fez.
Assim como em “O Sol é
para todos” assistir “A sangue frio” só me deixou foi com vontade de ler o
livro e de entender realmente como Capote (sem outros filtros) percebeu toda
história e a escreveu.
A
sangue frio (In Cold Blood, EUA, 1996) **
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