terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

50º - "E sua mãe também"


Eu nem acho "E sua mãe também" tão bom quanto dizem por aí... O filme tem suas virtudes, melhora muito na parte final, mas no início é bem chato, desses que você assiste quase desistindo, quase trocando de canal, até engrenar. Isso porque a parte inicial dá uma ênfase grande em apresentar os protagonistas, e tanto Julio Zapata (!) (Gael García Bernal) quanto Tenoch (Diego Luna) são personagens chatos demais, desse tipo de adolescente que não tem nenhum valor, fuma maconha, bate punheta, pensa em mulher e só, é muito desinteressante para um filme, fica parecendo um desses besteirois americanos. Esses meninos, de uma família classe média, média-alta lá pelas tantas estão numa festa e conhecem Luisa (Maribel Verdú), não aquela que foi pro Canadá, mas esposa de um primo chato de Tenoch, espanhola e que chegou há pouco tempo no México. Os meninos, chatos que são, convidam Luisa - numa cena sem propósito - para ir à praia, inventando um lugar (Boca do Céu). Luisa, obviamente recusa, mas depois acaba descobrindo que está doente, que o marido a traiu novamente, e sozinha num país que não é o seu resolve viajar com os meninos.
Então "E sua mãe" fica interessante, se transforma num road movie e os meninos vão deixando de ser tão pelinhas; isso acontece porque na estrada as relações vão se estreitando, a convivência forçada de dias acaba causando um conhecimento maior entre os três. Luisa, que é bem mais velha que os dois adolescentes, parece se divertir com a viagem e com a imaturidade dos dois, e gosto da cena que ela estoura e diz: "vocês não me trouxeram nesta viagem pra transar comigo?", e agora, como fica? Daí os meninos vão ficando menos arrogantes e mais divertidos, até a cena final, ótima.
Mas o que eu mais gostei no filme nem é da história principal em si, mas da maneira como ela é apresentada; durante a viagem a história quase fica em segundo plano para exibir as paisagens do México e a situação política do país, com cenas de repressão de policiais e de pobreza da população. Gosto da maneira como as pessoas vão sendo apresentadas, quando mostra o pescador, sua esposa e filhos o narrador vai, ao fundo, apresentado a história da família no futuro, neste caso com uma crítica ao turismo, que vai chegar ao local, o pescador vai deixar de ser pescador, por conta de pressão de operadoras de turismo não vai conseguir - com seu barco - fazer visitas com turistas e acabará como faxineiro de um grande hotel.
"E sua mãe" também mostra como pessoas, que nem sempre ficam na nossa vida, às vezes passam por nós rapidamente, mas deixam uma lembrança forte na nossa história e identidade.
E sua mãe também (Y tu mamá también, México, 2001) ***


Nenhum comentário:

Postar um comentário