Hoje é quarta-feira de
cinzas, acabei de voltar de viagem e estou cansada... Não que eu seja uma foliã
de raça, mas os 4 dias de folia esgotam minha disposição física, há o tumulto
dos blocos, o cansaço do calor excessivo, mas tudo isso é pouco perto da
alegria que é o carnaval, e no Rio é tudo muito diferente, as pessoas têm uma
disposição incomum, desde bebês de colo até gente bem velhinha, tá todo mundo
fantasiado na rua, confraternizando, se divertindo, é um clima único, que eu
acho que as pessoas não deveriam abrir mão. É bonito ver como a sociedade se
mobiliza, que nestes poucos dias do ano você tem licença pra ser ridículo, e
quanto mais ridículo mais popular. O Rio é enorme, mas nos lugares que
frequento e já frequentei em outros carnavais eu nunca vi uma briga, uma
confusão, todos são felizes, alegres, estão dispostos a brincar. Enfim, por
mais que eu não tenha disposição física para pular o carnaval como eu gostaria,
sempre vale a pena, existe um momento, mágico, que você olha pra centenas de
pessoas com a mesma energia e este momento é único, salve o carnaval!
À
parte do meu testemunho, que deveria ter durado apenas algumas linhas, e apesar
de estar cansada, não posso parar com meu projeto e resolvi continuar meu tema
que durou alguns posts atrás: a maternidade. "Um evento feliz" foi um
filme que eu vi super despretensiosamente com uma amiga no “Festival Varilux de
Cinema Francês” ano passado e o filme é bem bacana, inclusive o vi em algumas
listas sobre os melhores de 2012.
Além
disso, há alguns elementos que me fizeram identificar com "Um evento"
que conta a história de um casal, ela (Barbara, vivida por Louise Bourgoin) escrevendo
sua tese e ele (Nicolas, Pio Marmai) atendente de uma locadora começam uma
história de amor, e no auge da paixão resolvem ter um filho, que vem mais
rápido do que eles imaginaram. Eu gostei da cena de Nicolas tentando conquistar
Barbara através dos nomes de filmes quando ela visitava a locadora, ele sugere
filmes como “Um homem, uma mulher” e “Leis da atração” e ela aluga “Amor à flor
da pele” e “Prenda-me se for capaz”.
"Um evento" não
é um filme muito fácil, desses hollywoodianos que fazem graça com todas as atrapalhadas
de pais de primeira viagem; ao contrário, ele mostra, de maneira difícil, mas
que me parece bem real, como um filho muda a vida dos pais. É lógico que há
alegria e esperança, mas também há cansaço, falta de sono, falta de tempo,
bagunça, enfim, mostra como um casal tem que estar preparado psicologicamente e
financeiramente para que as mudanças que um filho gera não estrague a relação
amorosa.
Muita
gente fala por aí que filho segura casamento, mas eu acho que é contrário. O
filho deve vir se o casal estiver bem na relação e se ambos desejarem, caso
contrário as mudanças afastam. Neste sentido o filme é sofrido porque mostra
como a relação muda da paixão para o estranhamento por conta da rotina, apesar
de ter um final surpreendente.
Gosto
muito da maneira como a tese de Barbara vai evoluindo, ela que em princípio
pretende escrever sobre o outro na filosofia, vai mudando sua maneira de pensar
depois do filho, abandona sua compreensão niilista e vazia para outra mais
generosa, compreensiva, maternal. Isso mostra como um filho muda a percepção dos
pais sobre a vida, sobre a esperança com relação ao futuro e de uma maneira
delicada, bonita.
E
também tem o fato de Barbara ter uma mãe que não é maternal, que sempre disse
às filhas para pensar antes de engravidar e o filme mostra como a gente aprende
a ser mãe (ou pai) a partir de nossas referências.
"Um
evento" apresenta de maneira crua o que a maternidade/paternidade pode
oferecer, e é bem interessante em seu intento, tanto como drama, romance e
comédia, de mostrar os impactos que uma gravidez e um filho têm na vida de um
casal.
Um evento feliz (Um heureux
événement, França, 2011) ***
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