quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

44° - "Um evento feliz"


Hoje é quarta-feira de cinzas, acabei de voltar de viagem e estou cansada... Não que eu seja uma foliã de raça, mas os 4 dias de folia esgotam minha disposição física, há o tumulto dos blocos, o cansaço do calor excessivo, mas tudo isso é pouco perto da alegria que é o carnaval, e no Rio é tudo muito diferente, as pessoas têm uma disposição incomum, desde bebês de colo até gente bem velhinha, tá todo mundo fantasiado na rua, confraternizando, se divertindo, é um clima único, que eu acho que as pessoas não deveriam abrir mão. É bonito ver como a sociedade se mobiliza, que nestes poucos dias do ano você tem licença pra ser ridículo, e quanto mais ridículo mais popular. O Rio é enorme, mas nos lugares que frequento e já frequentei em outros carnavais eu nunca vi uma briga, uma confusão, todos são felizes, alegres, estão dispostos a brincar. Enfim, por mais que eu não tenha disposição física para pular o carnaval como eu gostaria, sempre vale a pena, existe um momento, mágico, que você olha pra centenas de pessoas com a mesma energia e este momento é único, salve o carnaval!
À parte do meu testemunho, que deveria ter durado apenas algumas linhas, e apesar de estar cansada, não posso parar com meu projeto e resolvi continuar meu tema que durou alguns posts atrás: a maternidade. "Um evento feliz" foi um filme que eu vi super despretensiosamente com uma amiga no “Festival Varilux de Cinema Francês” ano passado e o filme é bem bacana, inclusive o vi em algumas listas sobre os melhores de 2012. 
Além disso, há alguns elementos que me fizeram identificar com "Um evento" que conta a história de um casal, ela (Barbara, vivida por Louise Bourgoin) escrevendo sua tese e ele (Nicolas, Pio Marmai) atendente de uma locadora começam uma história de amor, e no auge da paixão resolvem ter um filho, que vem mais rápido do que eles imaginaram. Eu gostei da cena de Nicolas tentando conquistar Barbara através dos nomes de filmes quando ela visitava a locadora, ele sugere filmes como “Um homem, uma mulher” e “Leis da atração” e ela aluga “Amor à flor da pele” e “Prenda-me se for capaz”.
"Um evento" não é um filme muito fácil, desses hollywoodianos que fazem graça com todas as atrapalhadas de pais de primeira viagem; ao contrário, ele mostra, de maneira difícil, mas que me parece bem real, como um filho muda a vida dos pais. É lógico que há alegria e esperança, mas também há cansaço, falta de sono, falta de tempo, bagunça, enfim, mostra como um casal tem que estar preparado psicologicamente e financeiramente para que as mudanças que um filho gera não estrague a relação amorosa. 
Muita gente fala por aí que filho segura casamento, mas eu acho que é contrário. O filho deve vir se o casal estiver bem na relação e se ambos desejarem, caso contrário as mudanças afastam. Neste sentido o filme é sofrido porque mostra como a relação muda da paixão para o estranhamento por conta da rotina, apesar de ter um final surpreendente.
Gosto muito da maneira como a tese de Barbara vai evoluindo, ela que em princípio pretende escrever sobre o outro na filosofia, vai mudando sua maneira de pensar depois do filho, abandona sua compreensão niilista e vazia para outra mais generosa, compreensiva, maternal. Isso mostra como um filho muda a percepção dos pais sobre a vida, sobre a esperança com relação ao futuro e de uma maneira delicada, bonita.
E também tem o fato de Barbara ter uma mãe que não é maternal, que sempre disse às filhas para pensar antes de engravidar e o filme mostra como a gente aprende a ser mãe (ou pai) a partir de nossas referências.
"Um evento" apresenta de maneira crua o que a maternidade/paternidade pode oferecer, e é bem interessante em seu intento, tanto como drama, romance e comédia, de mostrar os impactos que uma gravidez e um filho têm na vida de um casal.
Um evento feliz (Um heureux événement, França, 2011) ***

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