segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

49º - "O homem do futuro"


Eu acho "O homem do futuro" um filme injustiçado, pouco falado e comentado; parece que foi lançado na mesma época que "O palhaço", que foi amplamente divulgado, comentado e - estou tentando entender até hoje - indicado como filme estrangeiro a concorrer ao Oscar (não ganhou, claro). E justamente o que eu gosto de "O homem" é que ele não é pretensioso, é um filme bacana pra divertir... e aí que mal tem? Um filme não precisa, necessariamente, ser cabeça, cult ou te botar pra pensar, ele pode servir apenas como entretenimento, tudo bem, não precisa se apavorar nem fingir que isso não é bacana, aliás não tem coisa mais chata que gente do tipo "me beija que eu sou cineasta", as pessoas mais interessantes que eu já vi ou ouvi falando sobre cinema não perdiam tempo apenas tentando mostrar o lado B, mas enxergam beleza nos diferentes gêneros, assim como suas limitações. "O homem" é uma comédia romântica, e quando você começa a assistir tem uma nítida impressão de algo repetido, e tudo bem que usa uma fórmula bem americanizada, com elementos típicos da cultura norte-americana, como rainha do baile e o próprio baile, mas o filme não é só isso, ele parte disso. 
Algumas pessoas podem lembrar de "De volta para o futuro", mas eu lembrei de outros, como o primeiro "Efeito borboleta" e o ótimo "Corra Lola corra", porque o filme vai além do fato de poder voltar ao passado, mas aborda o fato de que algumas decisões na nossa vida refletem diretamente no nosso - e também de outros - futuro. Se você pudesse voltar ao passado o que mudaria na sua vida? Valeria a pena?
"O homem" conta a história de João (Zero) e Helena, e um acontecimento fatal num festa que aconteceu 20 anos atrás, enquanto ambos estavam na faculdade. João, que é físico e pretende desenvolver uma nova forma de energia na verdade acaba criando uma máquina do tempo, que volta exatamente no dia da festa. Ele, que foi humilhado e seguiu com sua amargura durante a vida vai fazer de tudo para poder reverter o passado, mudando suas atitudes e escolhas. Só que, claro, não dá certo, João tem que voltar novamente e descobre que na vida todos têm sua dose de sofrimento, que infeliz é aquele que acha que seu sofrimento é o maior do mundo. Nessa João dá a lição de moral do filme, chegando à conclusão que se a máquina existisse estaria concentrada nas mãos de ricos e poderosos que a usariam indevidamente; que se a vida fosse uma busca pelo passado para mudar o presente não haveria, então, o futuro.
Por mais que pareça, eu devo admitir, o filme não é todo clichê. Eu tenho que destacar algo vital nele, que é o Vagner Moura, ele é demais, sou fã mesmo, super ator, desses que a gente muitas vezes não reconhece de um papel para outro de tão diferente nos personagens e também está incrível em "O homem" além de estar divertidíssimo. Assim como Meryl, que eu também sou fã, Vagner Moura mostra, neste filme, que um bom ator não precisa se dedicar apenas a papéis conceituais, que muitas vezes o desafio pode estar em fazer uma comédia romântica, em fazer um papel cuja performance é muito conhecida e até esperada pelo público. 
Além disso, como é de se esperar no gênero, "O homem do futuro" tem um final ótimo e até mesmo surpreendente. Cuidadoso, o filme merece ser visto num dia relax, que você só queria se divertir sem culpa.
O homem do futuro (Brasil, 2011) ****

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