quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

17° - "Intocáveis"



"Minha maior deficiência não é viver nesta cadeira de rodas. É viver sem ela." (Philippe)

Pronto, este é "Intocáveis", fenômeno do cinema em 2012, e por aí já entendemos o motivo.  Eu fiquei encantada com o filme e vou dizer que era difícil me encantar, já que todos falaram e falam de "Intocáveis" e é comentário geral que o filme é muito bacana, lindo, sensacional e etc... Para falar a verdade euzinha já estava até com um cadim de preguiça de assistir, porque assim, depois de tanta recomendação, achei mesmo que o filme não me surpreenderia, e positivamente me enganei.
A sinopse, vamos combinar, não indica nada de muito diferente, um tetraplégico ricaço precisa de um cuidador, um desajustado chega, sem experiência, sem técnica e sem vontade de trabalhar, mas ainda assim, apesar das diferenças, eles estabelecem uma amizade. Tenho que admitir que o enredo é previsível, mas a história é empolgante (principalmente quando sabemos ser baseada numa história real), não é a toa que se tornou a segunda maior bilheteria da França. E também é um retrato de sua realidade, da França branca, hermética em sua cultura e valores e da França imigrante, marginalizada.
Mas o filme ainda tem outros trunfos, seus personagens principais são maravilhosos, tanto Omar Sy (Driss) quanto François Cluzet (Philippe). E eles constroem uma relação baseada na completude, o que há em um falta noutro e vice-versa; enquanto um é a cabeça, é erudito, inteligente, sábio, vivido; o outro são braços e pernas, juventude, imaturidade, mas também sorrisos e ingenuidade.
Enquanto eu via o filme algo não saia da minha cabeça, a importância do bom-humor para a vida. Acho que Philippe gosta de Driss porque ele negligencia seu estado de saúde, mas na verdade ele negligencia tudo, ele não leva a vida a sério. Ele faz rir. E acho que levar a vida com bom-humor é um dom, muito raro. Neste quesito acho que a escolha do ator foi fantástica, Omar Sy (Driss) é um cara que quando ri sua cara ri junto, sabe este tipo? É contagiante. Tenho pensado cada vez mais que grande parte da vida não deve ser levada a sério, na risada é mais fácil, tanto que minha filosofia de vida para 2013 é tentar, cada vez mais, não ter medo do ridículo, já que “a única pessoa livre, realmente livre, é a que não tem medo do ridículo”, Veríssimo. É bem difícil ver “Intocáveis” sem tirar o sorriso do rosto, eu chorei de rir na cena dos bigodes, mas também me emocionei muito nas cenas dramáticas.
E sabe, na minha opinião “Intocáveis” é um filme sutil, tem tudo pra ser piegas, mas não é. Seu foco não está na doença (durante o filme me lembrei de “Mar Adentro”, este sim um filme denso sobre a tetraplegia), não está na desigualdade social, nem na violência, nem na pobreza ou riqueza. Ele passa por todos esses temas com sutileza. Ele tem tudo para virar um drama, mas opta pela comédia. Um filme que sonda tantos assuntos duros, mas consegue ser leve, como Driss e Philippe querem levar a vida, apesar de tudo.
Intocáveis (Intouchables, França, 2012) ****

2 comentários:

  1. Grande produção francesa. Esse ano os filmes desse seguimento estão com ótimas produções! Muito mais que um simples filme, Intocáveis mostra que é possivel, sim, conviver com o outro, ser de diferentes gostos, desejos, emoções. Recomendo também "Uma garrafa no mar de Gaza". Aguardem!

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    1. Márcio, querido, não sabe da minha alegria em entrar no blog e ver que, pela primeira vez, eu tenho um comentário, obrigada... Obrigada também pela dica, vou aguardar pela estreia, beijo.

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