segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

28° - "Veludo Azul"


David Lynch não é pra qualquer um (e sinceramente nem sempre é pra mim), não quero dizer com isso que quem gosta dele é cult e quem não gosta inferior porque não gosta de cinema e aquele blábláblá alternativo clichê. É só que ele é polêmico, não faz aquele filme redondinho e por isso nem sempre agrada a todos. Dificilmente quem está acostumada a um único tipo de filme, reto, com início meio e fim, vai ter dificuldade para se acostumar com seu cinema. 
Mas ainda assim eu o recomendo, acho que todos devem assistir, odiar ou amar, mas perceber a diversidade que o cinema nos apresenta, as maravilhas de ver que cada diretor pode nos mostrar sua maneira de enxergar o mundo, ou simplesmente uma história. Diga aí, você vai ficar a vida toda vendo tudo da mesma maneira? Falo não só pelo cinema, mas pela vida e eu sempre vou optar por ser uma metamorfose ambulante.
Sendo assim "Veludo Azul" é um filme psicodélico, no qual Lynch opta por mostrar um viés do ser humano difícil de encarar, mas tirando isso o filme até que é caretinha, com início, meio e fim (o que pra mim já é lucro, estou cansada de ver filme sem final...) e é muito mais tranquilo de ver que "Cidade dos Sonhos", este sim alucinação purinha.
E o que Lynch nos propõe a perceber em "Veludo" é que nem sempre o que parece é, a cena inicial, linda, mostrando flores belas, um cachorro bonito, as pessoas indo trabalhar e estudar funcionando em total harmonia e, de repente, quando a câmera resolve ir mais fundo, ela nos mostra uma cena meio nojenta de vários insetos embaixo da grama, numa ideia de que de perto ninguém é normal, de que as aparências enganam e que sempre há sujeira embaixo do tapete. Saber disso é libertador, que não há controle e perfeição, entretanto o filme vai bruscamente para o outro lado da força, rs, mostrando a podridão enlouquecedora de pessoas e lugares.
Vamos à sinopse: após visitar no hospital seu pai que sofreu um derrame, Jeffrey Beaumont (Kyle MacLachlan, o primeiro marido da Charlotte em Sex and the City), no caminho, encontra uma orelha humana e a entrega a um policial que é também seu vizinho. Mais tarde ele encontra a filha deste policial (Sandy, interpretada por Laura Dern) que lhe dá detalhes do caso, cita o nome de Dorothy (Isabella Rossellini) e diz ser ela o elo do caso. Jeffrey decide então investigar o caso sozinho se envolvendo com Sandy e Dorothy e conhecendo Frank (Dennis Hopper) um traficante muito mal e muito doido. Porém Jeffrey com toda sua juventude, inocência e paixão tenta solucionar o caso e ajuda Dorothy (cujos marido e filho estão sequestrado por Frank).
A sinopse descreve o filme com o suspense que ele tem, mas há cenas insanas, violência e comportamentos doentios. A cena que Frank estupra Dorothy (ela não resiste, pois ele sequestrou sua família) é surreal, acho que a cena mais alucinante que eu já vi.
Além de mostrar a falácia de uma cidade que aparenta ser perfeita (li que o objetivo de Lynch é uma crítica à sociedade americana), ainda há as tonalidades de azul que aparecem, no início o azul claro do céu, para os azuis mais escuros em cenas obscuras. E também tem Isabella Rossellini, numa tristeza misturada com doidera de dar dó, e neste blue que mistura cores e tristeza que o filme cumpre seu papel.
Veludo Azul (Blue Velvet, EUA, 1986) ***

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