Ahh, até que enfim o cinema resolveu fazer um filme inspirado...
em mim! Eu mereço! rs. Desde que eu vi o cartaz, depois passei à sinopse e fui
até o trailer eu sabia que ia gostar do filme. "Paris-Manhattan" -
dois locais que eu amaria conhecer - conta a história de uma moçoila que ama o
Woody Allen, veja só que coincidência!! Alice é uma farmacêutica, mas do lado
dos remédios há um punhado de DVDs que ela receita aos seus clientes, isso
mesmo, e que curam. Bem, eu acredito piamente no poder curativo do cinema, para
ansiedade, depressão, solidão ou uma distração para dores em geral e acho mesmo
que para todas as fases da vida e para todos os humores há um tipo de filme,
fazer o que, eu sou uma sonhadora incurável, que o cinema só faz piorar...
Mas agora sério, acho que minha vida no cinema seria um pouco mais
interessante que o filme, que é quase engraçado, quase romântico; embora até
isso o filme nos fale, que o mais interessante da vida é a realidade, e minha
vida vai muito bem, obrigada. Não acho que filmes sejam subterfúgios, mas
integram parte da nossa vida, real, como ela é.
Alice é uma mulher linda e bem-sucedida, mas que é
incompleta por não ter marido (ai ai, é isso mesmo?). Tudo bem que eu acredito
que seja impossível ser feliz sozinho, mas acho que as almas gêmeas, as
companhias, nem sempre são amorosas, pode ser entre irmãs, mãe e filho, entre
amigos. Essa cobrança em ter que ter alguém do lado (que é uma cobrança
infinitamente maior com mulheres) é tão desnecessária e frustrante... Não falo
por mim, mas por mulheres que estão a minha volta, que são bonitas, engraçadas,
bem-sucedidas, mas se sentem incompletas e infelizes porque estão solteiras...
Acho bacana no filme porque Alice encontra dois pretendentes, um
concentra grande parte dos atrativos masculinos no estereótipo da mente
feminina: é bonito, divertido, surpreendente, bem-sucedido, carinhoso... E o
outro é tudo isso, mas com uma boa dose de humanidade. O mais bacana aqui é que
Alice escolhe o 'desajustado', sem que o primeiro, candidato à perfeição, a decepcione
de alguma maneira. Ela faz uma escolha, ela pode escolher e escolhe a
imperfeição, não o galã de hollywood, mas o herói de filme B europeu.
E assim, eu não sei se foi porque me identifiquei
com a Alice e sua paixão por Woody, mas quando ele aparece no filme eu abri o
maior berreiro no cinema (ainda bem que estava vazio e, pasmem, a maioria que
me fazia companhia eram homens também sozinhos). Não sei o que faria se pudesse
encontrar Woody Allen, se pudesse conversar com ele. O que dizer para parecer
interessante? Para provocar nele o mínimo do que provoca em mim? E não sei se
por ele ter 77 anos e eu perceber que as chances que tenho de encontrá-lo e de
conversar com ele são mínimas, eu fiquei muito emocionada, parecia que era
comigo mesmo.
Li num site que gosto de acompanhar - Adoro Cinema -, que as
pessoas e os críticos não gostaram nem um pouco do filme, um moço escreveu que
não faz jus ao “muso inspirador” que é Woody Allen. Sei que sim, mas essa
simplicidade, essa humanidade do filme é que, pra mim, fizeram dele tão
especial.
Paris-Manhattan (Paris Manhattan, França, 2013) ****
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