"Black is good" (Max)
Eu não sei por que, mas
eu jurava que "Jackie Brown" era o primeiro filme de sucesso do
Tarantino, antes mesmo de "Cães de Aluguel". Deve ser pelo fato do
filme ser pouco falado e comentado na história do diretor e eu não entendo o motivo.
Tudo bem que o filme vem depois de "Pulp Fiction", clássico do
diretor, escritor e produtor, mas o filme é muito bom e tem os elementos
característicos do Taranta. Gosto muito dele e de todos seus filmes que vi,
gosto do seu estilo e também o acho muito educado (pelo menos é que parece nas
entrevistas e falas que eu já vi), enfim é um prato cheio. O Tarantino consegue
fazer um cinema que mistura estilos, com figuras bizarras, falas e takes loooongos
- e muitas vezes em momentos triviais do filme -, e juntando todos esses elementos
ele consegue fazer algo diferente, principalmente se tratando do cinema
americano. E também é possível perceber em seus filmes o cuidado com o todo,
com a cena, com as personagens, com o diálogo, com a história, com o
figurino... E o que falar de suas trilhas sonoras? O CD de "Pulp
Fiction" é maravilhoso, todas as músicas são ótimas, me lembro que foi um
CD que habitou meu aparelho durante muito tempo.
E
assim, talvez em termos de Tarantino, "Jackie Brown" é um filme mais
previsível, mas nem por isso deixa de ser bom. Neste filme ele resgata alguns
atores que estavam fora do circuito há algum tempo, como Pam Grier (Jackie
Brown) e Robert Forster (Max Cherry) e é bem interessante a cena na qual eles
conversam na cozinha dela e falam sobre envelhecer e suas consequências... Em
"Jackie Brown" Tarantino faz um tributo a filmes do tipo blaxploitation,
os protagonistas são negros e a única personagem burrinha e sem graça é uma
loirinha do tipo surfista (vivida por Briget Fonda). Jackie (Pam Grier) é uma
personagem forte, é uma mulher que está numa situação complicada, praticamente
sem saída, e consegue dar a volta em todos os homens ao seu redor (incluindo os
policiais e o traficante, todos durões e machistas).
É difícil comentar sobre
o filme sem apresentar spoiler, mas a história é mais ou menos a
seguinte: Jackie é uma aeromoça (comissária de bordo) que depois de um
infortúnio no passado agora trabalha na pior companhia aérea. Para complementar
sua renda, ela contrabandeia dinheiro para Ordell (Samuel L. Jackson, que está
uma figura com cabelos e cavanhaque longos) do México, mas a polícia recebe uma
denúncia e encontra a grana, junto com pó, então Jackie está num beco: ou se dá
mal com a polícia e é presa ou se dá mal com Ordell e é morta. Então ela trama
uma saída arriscada, cheia de detalhes, mas é a chance dela se dar bem. E essa
história rende um ótimo filme, que vale a pena ser visto. O filme ainda tem a
participação de Robert de Niro que vive um colega fracassado de Ordell.
Tarantino
é sempre Tarantino, o cara é f** e tem um estilo que é dele, maravilhoso e até
certo ponto previsível, você meio que sabe o que vai encontrar quando senta pra
ver um filme dele. Sabe que ele não é politicamente correto, que pode inverter
as coisas e a ordem, que pode beirar o paspalhão, que pode ter sangue jorrando,
cenas esdrúxulas e falas compridas em momentos sem sentido, mas principalmente
você sabe, ou melhor, tem certeza, que vai ser bom, que você vai se deleitar e
que, incrivelmente, ainda vai se surpreender.
Jackie
Brown (Jackie Brown, EUA, 1997) *****
Nenhum comentário:
Postar um comentário