Não sou uma pessoa religiosa, apesar de ter muita fé. Fui criada
assim, como grande parte dos brasileiros, nas religiões católica e espírita
(kardecista) e por isso tenho resquício dessas religiões na vida (jamais
deixaria quebrar ou profanar de alguma maneira uma imagem, rs). Já tentei
frequentar várias religiões, acho que é um conforto importante na vida, mas
sempre me esbarro na humanidade que há presente em todas! São instituições
humanas, ora essa, e seja padre, pastor, mentor ou mãe-de-santo, no final as
instituições religiosas são relações de poder, e com isso eu não me sinto bem e
ponto. Procuro levar a vida da melhor maneira possível, fazendo bem às pessoas,
tratando a todos com educação e gentileza. É um exercício diário, mas eu creio
que a vida é muito honesta, que as energias circulam e que se você faz o bem e
trata seu próximo bem, respeita as diferenças e não defende que carrega o
discurso da verdade, bem, você tem grandes chances de levar a vida numa boa.
Partindo disso é bem difícil pra mim - e creio que para boa
parcela da população - aceitar a quantidade de guerra e violência que são
levantadas com a bandeira religiosa. Se bem que me parece que grandes guerras e
disputas que aparentam ter o caráter religioso na verdade escondem outros
interesses aí. Fazer uma guerra com o objetivo de alcançar a paz não me parece
um caminho muito honesto...
Vários filmes trataram deste tema, "Munique" é um deles,
que retrata um caso verídico de israelenses que sofreram um ataque de palestinos
e foram mortos na Olímpiada de Munique e a reação ao fato. O filme é bacana,
merece ser visto. É um filme previsível, ok. Bem diferente de "E agora,
aonde vamos?", de 2012, um filme de parceria francesa e libanesa e um
filme encantador em vários sentidos.
Fui vê-lo de maneira despretensiosa. Estava próxima ao cinema com
uma amiga e resolvemos ver um filme e pimba, caímos nesta maravilha. Como diz
minha amiga Amanda a temática das mulheres como protagonistas sociais está
crescendo em vários sentidos, inclusive no cinema. E não tem como sair de
"E agora" sem concluir pelo menos isso: o que seria da comunidade sem
suas mulheres? Certamente nada.
O filme (que é super divertido) é sobre uma pequena comunidade no
Líbano, ameaçada no que parece uma eterna guerra entre mulçumanos e católicos.
As mulheres, que estão cansadas de perder os homens de suas famílias - maridos
e filhos, ao ouvir numa rádio que uma disputa entre mulçumanos e católicos
recomeçou resolvem fazer de tudo para que os homens não descubram e assim recomecem
a guerra. Como a comunidade é bem isolada do resto do mundo e a televisão pega
muito mal (há apenas uma e as pessoas se reúnem na praça para assisti-la) as
mulheres criam maneiras muito criativas de burlar os homens para que não tenham
notícias do mundo ao seu redor.
Mas os homens são irracionais, brigam por nada e são
temperamentais. Aqui no filme, a história de que mulheres são desunidas e os
homens conseguem estabelecer verdadeiras amizades está furada. As mulheres são
maternais, amigas e unidas contra uma guerra totalmente sem sentido - até o
padre e o imã são contra e acho legal porque mostra mesmo que a religião
muitas vezes é apenas um artifício para se começar uma disputa entre grupos.
O final do filme é realmente incrível, espetacular! Gosto muito
também da cena, lindíssima, da mãe que perde seu filho e vai acertar as contas
com Maria, aliás, Nossa Senhora aparece muito no filme.
Não dá para entender como não foi indicado ao Oscar de melhor
filme estrangeiro, porque olha, é com certeza um dos melhores filmes que vi
ultimamente, lindo!
E agora, aonde vamos? (Et maintenant on va où ?, França e Líbano,
2012) *****
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