Eu estava super
entusiasmada para assistir "Barbara" porque li, há algum tempo atrás,
antes de estrear, que era muito parecido com "A vida dos outros" e
sim, o tema é bem próximo, existe algumas angústias parecidas, mas
"Barbara" não chega perto da grandeza de "A vida".
Barbara
é uma médica que em 1980 vive no lado oriental da Alemanha, mas seu namorado
vive na parte ocidental. O governo suspeita então que Barbara tente fugir para
o lado ocidental e então a pune, transferindo-a para uma cidade do interior,
onde trabalhará no hospital local e viverá num apartamento totalmente
supervisionado. É claro que Barbara está revoltada com a situação e com a
maneira na qual é tratada, como uma prisioneira, como uma bandida e não tem
nenhuma boa vontade com o novo trabalho, com o novo local, com as novas
pessoas, já que suspeita de todos.
Seu
chefe, André (Ronald Zehrfeld) é um cara cheio de gentilezas, oferece carona, a
ajuda com um piano desafinado (e provavelmente sua única fonte de lazer), tenta
se aproximar. Mas Barbara está desconfiada, não sabe se André é apenas um cara
gentil, ou uma pessoa a serviço do governo que está se aproximando para colher
informações. Não só Barbara tem esse sentimento, nós também, espectadores,
ficamos sem saber de suas reais intenções (é claro que eu, "Pollyanna" como sou, já
estava super acreditando na boa vontade e gentileza de André).
Aliás,
Barbara é um filme cheio de sugestões, as coisas dadas são muito mais sugeridas
do que ditas e nós temos que formar nossas opiniões com o pouco que temos,
assim como os personagens, o que imprime um pouco de suspense ao filme, como
nas cenas nas quais ela anda de bicicleta pela floresta, pela estrada de terra.
O
namorado de Barbara, Jorg, vem visitá-la com certa regularidade e planeja sua
fuga para o outro lado. Ao mesmo tempo em que ele é um homem bonito, gentil e
apaixonado, deixa claro para ela que lá, do outro lado, não precisará
trabalhar, porque ele tem dinheiro suficiente para os dois (ãh?!).
Nesse
ínterim Barbara começa a se encantar por André (quem não?) e eu creio que
enxergar a diferença entre seu namorado, aparentemente um empresário bem
sucedido, contra um médico bem intencionado, que não é rico, mas que acredita
em seu povo. Ao contrário de Barbara, André não fala mal do regime em nenhum
momento, Barbara é parcial, detesta o lugar onde mora, local onde todos são
suspeitos e à mercê de vários tipos de violência (o filme tem duas cenas nas
quais um responsável pela supervisão vai à casa de Barbara, revira todas as
suas coisas à procura de provas e uma mulher vai fazer um exame em seu corpo,
terrível).
Neste
sentido acho Barbara mais parcial que "A vida dos outros", que mostra
a Alemanha Oriental de um jeito mais sutil, mas não menos visceral.
Em
"Barbara" nós vemos a brutalidade com a qual certas pessoas são
cuidadas, como é o caso da menina que Barbara cuida no hospital, grávida
(provavelmente vítima de abuso) e que trabalha no campo em situações
lastimáveis.
No
final, que é também sugerido (eu gostei) o que vence é o amor, tanto o
conjugal, quanto o do afeto pela menina que Barbara 'salva' em seu lugar, e é
muito bonito, mas também bem mais previsível.
Barbara
(Alemanha, 2012) ***
Ei Gheysa ! Adorei Barbara, mas realmente não tem como dizer que chega perto de A vida dos Outros. Mesmo assim, é um filme bem diferente ao abordar a alemanha socialista sobre outro viés, sem se estabelecer sobre o clássico dueto "Alemanha socialista-ruim/Alemanha capitalista-boa". É possível ser feliz do lado comunista, risos.
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