segunda-feira, 18 de março de 2013

77° - "Um corpo que cai"


Definitivamente "Vertigo - um corpo que cai" é o melhor filme de Hitchcock. Tudo bem que eu ainda não conferi toda sua filmografia, mas é um filme com tantos elementos encantadores que fica difícil de bater. Pelo visto isso não é novidade - era pra mim - já que foi eleito ano passado o melhor filme de todos os tempos, numa eleição promovida por uma revista inglesa e que envolveu mais de 800 especialistas (o eterno "Cidadão Kane" perdeu o posto, está em segundo lugar).
É difícil falar de "Vertigo" sem oferecer spoiler. Tudo bem que, assim, eu não tenho muito cuidado mesmo na hora de escrever sobre os filmes, já que o blog é terapêutico para mim, como um diário, e também porque niguém pouca gente me lê.
E "Vertigo" apresenta tantas nuances que nem sei se vou dar conta de apresentar todas aqui, é um filme que a gente vê e quer rever em seguida (eu fiz isso) para tentar apreendê-lo melhor. O filme já começa apresentando Scottie (James Stewart, que também fez "Festim diabólico" e "A felicidade não secompra") um detetive da polícia em perseguição a um bandido em telhados, ele escorrega, quase cai, e um policial acaba caindo e morrendo quando tenta salvá-lo. Scottie desenvolve então acrofobia (medo de altura) e por isso se aposenta da polícia (a imagem da vertigem dele é muito bem feita). 
Um amigo de faculdade de Scottie o contrata para investigar sua esposa Madeleine Elster (Kim Novak), já que suspeita que ela está sofrendo uma espécie de transe por conta de um antepassado. Scottie a segue e descobre seus estranhos hábitos, na floricultura, no cemitério, no museu, tudo leva à figura de Charlotta, que depois Scottie descobre ser a bisavó de Madeleine que por infortúnios da vida se matou com 26 anos, e supostamente a mulher está sob sua influência tanto em sonhos quanto acordada, quando entra em transe e adotada esquisitos comportamentos, do qual não se lembra depois.
Com medo da esposa se matar como fez a bisavó, o amigo pede a Scottie que vigie sua mulher e ele o faz, inclusive a salvando quando se joga na Baia (numa cena linda esteticamente). Depois que a salva os dois começam a se envolver e se apaixonam.
Mas a paranoia de Madeleine não impede que ela suba na torre de uma igreja e se jogue lá de cima - Scottie não consegue salvá-la, pois por conta de sua acrofobia não consegue chegar ao topo da torre. Ele fica arrasado e vai parar numa clínica por conta de uma depressão profunda.
Depois, quando sai, procura frequentar os locais onde frequentava Madeleine, a vendo no rosto de várias mulheres, até que encontra uma, que apesar de ter hábitos diferentes, é muito parecida. Ele se aproxima dela, e só depois descobrimos que Judy é, na verdade, a própria Madeleine (ou a representação dela), que o marido contratou para fingir ser sua esposa e assim matar a verdadeira esposa (a que realmente caiu da torre da igreja) sem suspeitas, já que Scottie testemunhou o suposto suicídio (ele foi contratado por conta da sua doença e por ter certeza que ele não chegaria ao topo, muito alto).
A trama é muito bem amarrada (bem diferente de Pássaros), os personagens são complexos e o jogo psicológico de Hitchcock está lá, como sempre, com magnitude.
O filme é recheado de suspenses, de cenas psicodélicas que objetivam confundir aos espectadores: o que é realidade? o que realmente está acontecendo? e assim mostra a fragilidade da nossa mente e também nossas limitações, principalmente psicológicas.
Pra mim, já que também tenho medo de altura, o filme é de dar nervoso, principalmente nas cenas de vertigem do personagem, que são muito bem feitas (eu passei parte do filme com as mãos suando de nervoso).
Pela construção dos personagens, pela história tão bem construída e contada e pelas cenas que conseguem nos mostrar tão bem o ponto de vista do protagonista, por isto tudo, "Um corpo que cai" é imperdível.
Um corpo que cai (Vertigo, EUA, 1958) *****

2 comentários:

  1. Oi Gheysa! Não sei como vim parar no seu blog, mas, enfim, foi uma grata surpresa. Ano passado realizei o mesmo projeto que você e assisti 366 filmes (era ano bissexto) em 2012. O meu blog, inclusive, foi decorrente... lá pra abril, por pressão de amigos, é que fiz o blog.
    Enfim, como alguém que passou pela experiência, me coloca à disposição para te dar algumas dicas ou me dispôr ao que você precisar.
    Acho bem interessante ver que filmes que vi ano passado, nesse projeto, você está vendo este ano. O rio, às vezes, passa duas vezes no mesmo lugar!
    Só lamento, pq vi que você parou suas atualizações. Como está o projeto? Continua vendo os filmes ou só desistiu do blog?
    Tô aqui, caso eu possa ajudar.
    Boa sorte com o seu ano e seus filmes.
    um abraço,
    Az
    366filmesdeaz.blogspot.com.br

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  2. Olá AZ, obrigada pela mensagem e pela atenção. Visitei seu blog e realmente é muito bacana. Ando triste por ter parado as postagens, mas as atribulações da vida profissional me impediram de continuar, já que assistir e escrever o texto me tomava muito tempo por dia. Mas o blog me deu um lindo presente que é o tema da minha tese de doutorado.
    Estou programando um post para o dia 18 de maio, quando fará dois meses que não publico... Fico com o coração partido, tanto filme bom para falar, tanta coisa boa. Mas vou dar um jeito de continuar, só não sei - ainda - como. Um abraço.

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