Como hoje é dia do meu
aniversário, estou ficando balzaquiana e isso talvez seja um dos motivos de ser
deste blog, eu resolvi falar de um filme preferido. Acontece que ele não existe,
eu tenho um conjunto de filmes preferidos, mas é difícil escolher apenas um.
Acho que aproveitando a onda dos últimos filmes que comentei e por ser este um
filme que trata de assuntos que eu muito me identifico, resolvi indicar hoje,
no meu aniversário, a lindeza que é "Peixe grande e suas histórias
maravilhosas".
Como
boa pisciana que sou me sinto particularmente tocada porque "Peixe
grande" fala da importância do sonho, da fantasia na nossa vida, sobre o
que é realidade, sobre amor, afeto, amizade, perdão. E é, claro, meu filme
predileto do Tim Burton, mas também seu filme menos polêmico (aliás sem
polêmica), tem os elementos do diretor, a fantasia, os devaneios em
histórias e imagens, mas é um filme que acho difícil alguém desgostar.
Basicamente
"Peixe grande" está centrado na relação de pai e filho, se esta relação
geralmente não é fácil, imagine quando os dois vivem em mundos completamente
distintos. Enquanto o pai, Edward Bloom (vivido pelo gracinha do Ewan McGregor
quando novo e por Albert Finney quando mais velho) vive num mundo inventado (e
não é a toa que o filme começa com ele tentando pescar um grande peixe, porque
a vida dele é uma história de pescador) enquanto o filho, jornalista, vive num
mundo literal e é frustrado porque o pai não conta à ele suas histórias a
partir da realidade (mas o que é realidade?). Pai e filho estão brigados, mas o
pai está com câncer avançado e o filho, que mora na França, volta para poder
conviver com pai. Neste processo o pai vai conversando com a nora, o filho e
vai contando sua vida a partir da sua ótica. É lindo.
Tenho
que confessar que gosto muito mais do Edward Bloom jovem do que o velho, porque
Ewan McGregor é muito carismático, ele confere uma alma pro personagem que não
vejo em Albert Finney, acho ele chato mesmo, todo carisma e empatia que senti
com McGregor se perdeu com Finney que fez Bloom parecer um homem egocêntrico.
Quando
vi o filme pela primeira vez chorei como criança, em vários momentos; lembrei
muito de uma tia querida (tia Odete) que sempre me contava histórias antes de
eu dormir e fiquei pensando no importante papel que essas pessoas têm na vida
da gente, porque elas nos ensinam a sonhar, a imaginar, a colocar humor e amor
nas coisas, a colorir. Neste sentido o filme é poesia pura.
E
há sempre saídas interessantes para Bloom, seja na infância, em sua cidade
natal, quando se perde em ... (que mais parece o céu), quando vai ao circo e
conhece seu amor (Sandra Bloom, interpretada por Alison Lohman e por Jessica
Lange) e diz: "é verdade que quando conhecemos o amor da nossa vida o
tempo para" e a imagem que segue é linda. Aliás, o relacionamento de Bloom
e sua esposa é lindíssimo, delicado, um amor bonito de ver, toda dificuldade
que o filho tem de lidar com o pai é oposta na tolerância e no amor que Sandra
tem no olhar à Bloom.
A
cena final é belíssima, para ficar com olho inchado, é muito bonito ver o pai,
enfim peixe grande, e depois o filho conhecendo as figuras descritas pelo pai e
percebendo que elas existiram, de algum modo.
Porque no filme vemos a
importância de sonhar na vida e porque isso é o que eu quero neste meu novo ano
de vida:
Peixe
grande e suas histórias maravilhosas (Big Fish, EUA, 2003) *****
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