sábado, 2 de março de 2013

61º - "Peixe grande e suas histórias maravilhosas"


Como hoje é dia do meu aniversário, estou ficando balzaquiana e isso talvez seja um dos motivos de ser deste blog, eu resolvi falar de um filme preferido. Acontece que ele não existe, eu tenho um conjunto de filmes preferidos, mas é difícil escolher apenas um. Acho que aproveitando a onda dos últimos filmes que comentei e por ser este um filme que trata de assuntos que eu muito me identifico, resolvi indicar hoje, no meu aniversário, a lindeza que é "Peixe grande e suas histórias maravilhosas".
Como boa pisciana que sou me sinto particularmente tocada porque "Peixe grande" fala da importância do sonho, da fantasia na nossa vida, sobre o que é realidade, sobre amor, afeto, amizade, perdão. E é, claro, meu filme predileto do Tim Burton, mas também seu filme menos polêmico (aliás sem polêmica), tem os elementos do diretor, a fantasia, os devaneios em histórias e imagens, mas é um filme que acho difícil alguém desgostar.
Basicamente "Peixe grande" está centrado na relação de pai e filho, se esta relação geralmente não é fácil, imagine quando os dois vivem em mundos completamente distintos. Enquanto o pai, Edward Bloom (vivido pelo gracinha do Ewan McGregor quando novo e por Albert Finney quando mais velho) vive num mundo inventado (e não é a toa que o filme começa com ele tentando pescar um grande peixe, porque a vida dele é uma história de pescador) enquanto o filho, jornalista, vive num mundo literal e é frustrado porque o pai não conta à ele suas histórias a partir da realidade (mas o que é realidade?). Pai e filho estão brigados, mas o pai está com câncer avançado e o filho, que mora na França, volta para poder conviver com pai. Neste processo o pai vai conversando com a nora, o filho e vai contando sua vida a partir da sua ótica. É lindo.
Tenho que confessar que gosto muito mais do Edward Bloom jovem do que o velho, porque Ewan McGregor é muito carismático, ele confere uma alma pro personagem que não vejo em Albert Finney, acho ele chato mesmo, todo carisma e empatia que senti com McGregor se perdeu com Finney que fez Bloom parecer um homem egocêntrico.
Quando vi o filme pela primeira vez chorei como criança, em vários momentos; lembrei muito de uma tia querida (tia Odete) que sempre me contava histórias antes de eu dormir e fiquei pensando no importante papel que essas pessoas têm na vida da gente, porque elas nos ensinam a sonhar, a imaginar, a colocar humor e amor nas coisas, a colorir. Neste sentido o filme é poesia pura.
E há sempre saídas interessantes para Bloom, seja na infância, em sua cidade natal, quando se perde em ... (que mais parece o céu), quando vai ao circo e conhece seu amor (Sandra Bloom, interpretada por Alison Lohman e por Jessica Lange) e diz: "é verdade que quando conhecemos o amor da nossa vida o tempo para" e a imagem que segue é linda. Aliás, o relacionamento de Bloom e sua esposa é lindíssimo, delicado, um amor bonito de ver, toda dificuldade que o filho tem de lidar com o pai é oposta na tolerância e no amor que Sandra tem no olhar à Bloom.
A cena final é belíssima, para ficar com olho inchado, é muito bonito ver o pai, enfim peixe grande, e depois o filho conhecendo as figuras descritas pelo pai e percebendo que elas existiram, de algum modo.
Porque no filme vemos a importância de sonhar na vida e porque isso é o que eu quero neste meu novo ano de vida:
Peixe grande e suas histórias maravilhosas (Big Fish, EUA, 2003) *****

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