segunda-feira, 24 de junho de 2013

80° - "Millennium: Os homens que não amavam as mulheres"

O fim de semana passou e eu tive a agradável surpresa de que os canais HBO e MAX estavam liberados e combinavam perfeitamente com um domingo nublado. Então, ao final da noite eu resolvi rever "Millennium: Os homens que não amavam as mulheres" que eu tinha visto no cinema. Eu adoro a trilogia, li os livros e vi a trilogia sueca (país de origem do escritor Stieg Larsson e onde se desenrola a trama). Na maioria das situações eu levantaria a bandeira sueca, pois o filme além de ser americano, foi refilmado pouco tempo depois (cerca de 3 anos). Pra quê? Deveria ser feito? 
Entretanto eu tenho um carinho especial por essa versão americana, pois foi por ela que eu conheci a trilogia e me apaixonei. Lembro que saí do cinema encantada com a história, e lembro também que, ao longo das 2 horas e 40 min de filme, algumas pessoas foram deixando a sala, em especial na cena de estupro da Lisbeth; isto acontece porque apesar de "Millennium" ser americano, ele não nos poupa nas cenas de sexo e violência, sendo fiel ao livro. Na cena inicial já dá pra perceber que algo é diferente, numa mistura psicodélica dos personagens ao som de "Immigrant Song" do Led Zeppelin.
Mas vamos aos motivos pelos quais eu gosto tanto desta trama: Larsson é sueco e escreve a partir das suas perspectivas culturais, no filme é sutil, mas no livro é evidente: o autor montou uma trama na qual homens e mulheres têm o mesmo papel, são inteligentes, forte e têm poder. Aliás, acho que as mulheres são mais fortes do que os homens, apesar de Mikael Blomkvist (Daniel Craig) ser inteligente e sedutor (praticamente todas as mulheres da trama têm uma queda por ele), quase todos os outros homens ou são fracos ou são ruins. Às mulheres cabem os papéis protagonistas, de editora-chefe, de policial e investigadora (que resolvem as crises, mas nos outros livros) e, claro, de Lisbeth Salander. Ela é a protagonista, as histórias giram em torno dela (especialmente nos outros dois livros: "A menina que brincava com fogo" e "A rainha do castelo de ar"). Aliás, eu li uma reportagem com a mulher (companheira) de Larsson (ele morreu de ataque cardíaco em 201... com 50 anos) se colocando contra esse nome terrível que arrumaram para a obra, originalmente "A garota com a tatuagem de dragão" para "Os homens que não amavam as mulheres", percebam que neste nome aportuguesado a ênfase está nos homens e na atitude misógina. Mas isto é reduzir demais uma história que é sobre suspenses, sobre serial killers, mas está longe de ser só isto.
Lisbeth é uma heroína atípica, é franzina, esquisita, coberta por tatuagens e piercings, sem nenhum traquejo social e cheia de traumas psicológicos motivados por seu pai. Mas ela é extremamente inteligente e forte (fisicamente), é ela quem salva o mocinho no final do filme, não o contrário.

A sinopse é sobre uma mulher (Harriet Vanger) que sumiu há 36 anos, sobrinha do rico Henrik Vanger (Christopher Plummer), mas seu sumiço não pode ser esquecido pelo tio, já que em todo aniversário de Harriet, a cada ano, o tio recebe um quadro com um desenho como era hábito de sua sobrinha. Intrigado, mesmo após tantos anos, Henrik contrata o jornalista Mikael Blomkvist que com a ajuda de Lisbeth Salander solucionarão o caso. Mas gente, não vejam o filme baseado nesta sinopse que é quase um déjà-vú, o filme é muito mais que isso e essa diferença cultural nos permite uma experiência fílmica diferente, envolve questões de gênero, discussões sobre a mídia, sobre corrupção. Só não gosto do final – que aliás é fiel ao livro – pois acho que é desnecessário e contrário à personagem (Lisbeth) tão bem construída no filme, de qualquer maneira não tira o mérito da história.
Millennium: Os homens que não amavam as mulheres (The girl with the dragon tatoo, EUA, 2012) ****

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