sábado, 22 de junho de 2013

79º - "Tempos Modernos"

Charles Chaplin, um dos maiores cineastas da história do cinema, provavelmente estaria feliz se estivesse no Brasil por estes dias. Produtor, diretor e roteirista do filme “Tempos Modernos”, Chaplin encontraria aqui elementos capazes de lhe gerar um novo filme. As inúmeras manifestações que borbulharam – e ainda borbulham – em várias cidades em nosso país são dignas de críticas – positivas e negativas. As pessoas vão às ruas por motivos difusos e confusos, não elegeram um líder ou um protagonista para glorificar ou crucificar. Mas as diferentes pautas giram em torno de uma grande insatisfação com nossa condição política – e, principalmente, urbana – que gerou grande mobilização da sociedade (incentivada pela internet/tecnologia).
“Tempos Modernos” é o retrato de uma urbanidade cruel aliada a uma desigualdade social perversa. Chaplin relata com humor, ironia e certa melancolia a realidade de uma classe social que, vivendo na sociedade industrial, encara níveis de pobreza, desemprego, fome.
Para contar a história do pobre Carlitos e sua namorada, Chaplin lança mão de diversas metáforas enquanto linguagem cinematográfica.
A cena inicial do filme mostra um bando de ovelhas indo para o abate e segue sobreposta com uma multidão de pessoas saindo do metrô e indo ao trabalho. Entre eles a “ovelha negra” Carlitos inicia o filme como um operário, que enlouquece diante do trabalho repetitivo e exaustivo, por ser tratado como uma engrenagem da máquina social. A cena clássica do filme – e do cinema – é uma metáfora, onde Carlitos é engolido por uma máquina, assim como o trabalhador é engolido pelo sistema capitalista de produção.
As metáforas pontuam o filme, essencialmente quando Carlitos e a namorada sonham com uma vida classe média/média alta, seja sonhando em ter uma casa, seja na loja quando Carlitos trabalha como vigia noturno e a garota dorme “em berço de ouro”.
Entretanto, baseado em perspectivas pessoais, a metáfora que eu elejo é a do final do filme, depois de todo sofrimento imposto ao casal pelas instituições sociais (como a polícia, o Estado, o capital) há ainda em Chaplin, através do casal, uma visão otimista. Quando o casal, juntos e de mãos dadas caminham, a estrada voltada para o infinito é a metáfora da esperança, mesmo com toda tristeza infinitas possibilidades ainda se apresentam e nelas a felicidade ainda pode ser encontrada.

Tempos Modernos (Modern Times, EUA, 1936) *****

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